NADA DE NOVO NO FRONTE, SERÁ?
Com a chegada do terceiro mês do ano,
chega também, o fim das férias escolares, as famílias que se organizaram para
aproveitar as férias das crianças, voltam para casa, a vida de todos volta a
rotina.
Para todos nós que vivemos deste lado
do planeta, os meses de janeiro e fevereiro são meses de folga, de férias até
mesmo para as nossas dificuldades e muitas vezes compromissos. Esquecemos que
temos problemas ou fazemos de conta que tudo está bem.
Mas as águas de março chegam e é hora
de retomarmos. A canseira das férias finalmente chega e nos encontramos de
frente com o nosso dia a dia, com nossos problemas, os mesmos e velhos
companheiros dos estressantes dias de dezembro, onde não víamos a hora do ano
acabar. Você ainda lembra das promessas feitas sob um e danado, para que o
próximo ano não chegasse lhe pegando desprevenido? A propósito, o que
você disse que faria no próximo ano, que agora já está no terceiro mês?
Calma, não estou querendo que você se
sinta culpado, afinal de contas tudo para neste país, não é mesmo? Este país
tão grande parou, será? Os nossos deputados não pararam, e aprovaram em
primeiro turno, pelo menos, a reforma da previdência que vai interferir
diretamente nas nossas vidas. Será que isto fui uma estratégia? Pegar o povo de
férias, desmobilizado, desinformado, curtindo sol, mar, montanha... Bem, mas
isto daí ainda dá para reverter, pois terá segundo turno e poderemos nos
organizar. Mas, a sua vida terá segundo
turno? O que passou, passou. Poderemos tentar refazer, corrermos atrás do
prejuízo...
Lembro de uma pessoa que, a muitos
anos atrás, me disse: “Viver é desenhar
sem borracha”. Uma frase
absolutamente simples, mas que encerra toda uma verdade, que na maioria das vezes
esquecemos, ou ainda, lembramos na hora em que alguma coisa não aconteceu como
desejávamos, porque também, não agimos para que o resultado desejado fosse
atingido.
Quem leu o Exotérico de dezembro,
talvez lembre do meu pedido carinhoso de
que você passe a olhar seu coração e buscar dentro dele a semente de amor
que o Criador colocou em cada um de nós. Ao olhar para dentro de
seu coração você poderá encontrar a paz de espírito; só dentro dele ela se
encontra. Ao fazer isso você poderá se encontrar
com sua mente, cuidado, ela é racional e poderá se rebelar, suas emoções podem
participar desta onda de desconfiança, ansiedade, tédio, ceticismo, desprezo,
seja lá o que possa surgir. Sua mente
pode torná-lo inteligente, mas está longe de torná-lo feliz, realizado e em paz
consigo mesmo. Você tem um mestre dentro
de você, que a tudo vê e tudo sabe, não esqueça disso.
Quando as pessoas me procuram como
terapeuta, frequentemente digo: Você tem dentro de você tudo que precisa para
ser feliz e resolver suas dificuldades.
O que estou aqui para fazer é auxiliá-lo(a) a encontrar-se com você
mesmo.
Todos queremos expandir nosso amor e
nossa criatividade, explorar nossa natureza espiritual, mas com frequência não
alcançamos nosso objetivo.
No livro Caminho do Mago, Deepak
Chopra diz que “estamos trancados em
nossas prisões particulares”. Algumas pessoas, contudo, conseguem se
libertar do que torna suas vidas tão limitadas. Nem sempre o caminho é fácil,
pois fará com que você se confronte com situações desagradáveis que a muito
tempo você mantinha a distância, mas com
certeza o resultado poderá torná-lo mais feliz e realizado.
Um segundo ponto é: aprenda a amar a
si próprio, a lutar para redescobrir-se.
Falamos muito sobre autoestima, mas vivemos em uma sociedade de rótulos,
onde um pequeno grupo dita o que é normal ou anormal, bonito ou feio,
desejável, atraente ou sedutor. Como
pode alguém se gostar se, ao olhar-se no espelho, o que vê é o contrário do que
a sociedade chama de belo, ou normal, ou atraente?
Lembro de um professor que ao se
referir a uma determinada paciente em tratamento, sugeriu que eu me referisse a
ela pela sua categoria de doença. Disse-lhe que falávamos apenas de uma mulher
que naquele momento estava enfrentando dificuldades em sua vida e que me
negava a tratá-la como neurótica tal ou
psicótica tal, porque isso a limitava, a prendia a um rótulo que poderia ser
irreversível para a sua vida.
Faça o mesmo, livre-se dos rótulos que
você se colocou ou que colocaram em você. Olhe as linhas e as rugas de seu
rosto. Elas contam a história de antigas alegrias e tristezas, triunfos e
derrotas, ideias e experiências que você teve. Esta história é que conta, ela é
você. O segredo está em ver com inocência. Ë ver a partir de um novo ponto de
vista, que não seja condicionado por aquilo que você esperava ver.
Deepak Chopra diz: “olhe com inocência e você produzirá vida.
Este é um princípio mágico”. Segundo
ele: “nós não estaríamos vivos se um ser
inocente não tivesse nos visto primeiro. Este foi o ato que plantou a semente
de todo o universo, e foi um ato de amor”. Você conhecerá novamente sua
inocência quando conseguir ver o amor que palpita em cada partícula da criação.
A falta desta inocência de que nos
fala DeepaK, nos gera um grau tão grande de insatisfação pelo fato de
rotularmos uma coisa, deixamos de enxergá-la e passamos a ver apenas o rótulo.
A partir do rótulo carregamos junto o tédio, a rotina, o desgaste e acabamos
por descartar pessoas ou coisas. Qualquer coisa que você consiga pensar e que já
experimentou, acabou se cansando. O problema não é o outro, ou a coisa, ou a
relação e sim você.
Na verdade é o seu eu que necessita
constantemente estar em transformação. Nos diz Deepak : “Você não pode levar ao mundo o mesmo eu desgastado e esperar que o
mundo seja novo para você”.
E como nos disse Tom Jobim: “São as águas de março fechando o verão. Ë a
promessa de vida no teu coração”. Só depende de você, “o caminho se faz ao
andar”, já dizia o poeta e é começando por dar o primeiro passo, em direção ao
objetivo traçado, que poderemos chegar a meta estabelecida. Estou torcendo para que você dê este primeiro
passo, porque você merece.
Marilice
Cachapuz
Fevereiro/1998