segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Nada de novo no fronte, será?

NADA DE NOVO NO FRONTE, SERÁ?

Com a chegada do terceiro mês do ano, chega também, o fim das férias escolares, as famílias que se organizaram para aproveitar as férias das crianças, voltam para casa, a vida de todos volta a rotina.

Para todos nós que vivemos deste lado do planeta, os meses de janeiro e fevereiro são meses de folga, de férias até mesmo para as nossas dificuldades e muitas vezes compromissos. Esquecemos que temos problemas ou fazemos de conta que tudo está bem.

Mas as águas de março chegam e é hora de retomarmos. A canseira das férias finalmente chega e nos encontramos de frente com o nosso dia a dia, com nossos problemas, os mesmos e velhos companheiros dos estressantes dias de dezembro, onde não víamos a hora do ano acabar. Você ainda lembra das promessas feitas sob um e danado, para que o próximo ano  não chegasse  lhe pegando desprevenido? A propósito, o que você disse que faria no próximo ano, que agora já está no terceiro mês?

Calma, não estou querendo que você se sinta culpado, afinal de contas tudo para neste país, não é mesmo? Este país tão grande parou, será? Os nossos deputados não pararam, e aprovaram em primeiro turno, pelo menos, a reforma da previdência que vai interferir diretamente nas nossas vidas. Será que isto fui uma estratégia? Pegar o povo de férias, desmobilizado, desinformado, curtindo sol, mar, montanha... Bem, mas isto daí ainda dá para reverter, pois terá segundo turno e poderemos nos organizar.  Mas, a sua vida terá segundo turno? O que passou, passou. Poderemos tentar refazer, corrermos atrás do prejuízo...

Lembro de uma pessoa que, a muitos anos atrás, me disse: “Viver é desenhar sem borracha”.  Uma frase absolutamente simples, mas que encerra toda uma verdade, que na maioria das vezes esquecemos, ou ainda, lembramos na hora em que alguma coisa não aconteceu como desejávamos, porque também, não agimos para que o resultado desejado fosse atingido.

Quem leu o Exotérico de dezembro, talvez lembre do meu pedido carinhoso  de que você passe a olhar seu coração e buscar dentro dele a semente de amor que  o Criador colocou  em cada um de nós. Ao olhar para dentro de seu coração você poderá encontrar a paz de espírito; só dentro dele ela se encontra.  Ao fazer isso você poderá se encontrar com sua mente, cuidado, ela é racional e poderá se rebelar, suas emoções podem participar desta onda de desconfiança, ansiedade, tédio, ceticismo, desprezo, seja lá o que possa surgir.  Sua mente pode torná-lo inteligente, mas está longe de torná-lo feliz, realizado e em paz consigo mesmo.  Você tem um mestre dentro de você, que a tudo vê e tudo sabe, não esqueça disso.

Quando as pessoas me procuram como terapeuta, frequentemente digo: Você tem dentro de você tudo que precisa para ser feliz e resolver suas dificuldades.  O que estou aqui para fazer é auxiliá-lo(a) a encontrar-se com você mesmo.

Todos queremos expandir nosso amor e nossa criatividade, explorar nossa natureza espiritual, mas com frequência não alcançamos nosso objetivo.

No livro Caminho do Mago, Deepak Chopra diz que “estamos trancados em nossas prisões particulares”. Algumas pessoas, contudo, conseguem se libertar do que torna suas vidas tão limitadas. Nem sempre o caminho é fácil, pois fará com que você se confronte com situações desagradáveis que a muito tempo  você mantinha a distância, mas com certeza o resultado poderá torná-lo mais feliz e realizado.

Um segundo ponto é: aprenda a amar a si próprio, a lutar para redescobrir-se.  Falamos muito sobre autoestima, mas vivemos em uma sociedade de rótulos, onde um pequeno grupo dita o que é normal ou anormal, bonito ou feio, desejável, atraente ou sedutor.  Como pode alguém se gostar se, ao olhar-se no espelho, o que vê é o contrário do que a sociedade chama de belo, ou normal, ou atraente?

Lembro de um professor que ao se referir a uma determinada paciente em tratamento, sugeriu que eu me referisse a ela pela sua categoria de doença. Disse-lhe que falávamos apenas de uma mulher que naquele momento estava enfrentando dificuldades em sua vida e que me negava  a tratá-la como neurótica tal ou psicótica tal, porque isso a limitava, a prendia a um rótulo que poderia ser irreversível para a sua vida.

Faça o mesmo, livre-se dos rótulos que você se colocou ou que colocaram em você. Olhe as linhas e as rugas de seu rosto. Elas contam a história de antigas alegrias e tristezas, triunfos e derrotas, ideias e experiências que você teve. Esta história é que conta, ela é você. O segredo está em ver com inocência. Ë ver a partir de um novo ponto de vista, que não seja condicionado por aquilo que você esperava ver.

Deepak Chopra diz: “olhe com inocência e você produzirá vida. Este é um princípio mágico”.  Segundo ele: “nós não estaríamos vivos se um ser inocente não tivesse nos visto primeiro. Este foi o ato que plantou a semente de todo o universo, e foi um ato de amor”. Você conhecerá novamente sua inocência quando conseguir ver o amor que palpita em cada partícula da criação.

A falta desta inocência de que nos fala DeepaK, nos gera um grau tão grande de insatisfação pelo fato de rotularmos uma coisa, deixamos de enxergá-la e passamos a ver apenas o rótulo. A partir do rótulo carregamos junto o tédio, a rotina, o desgaste e acabamos por descartar pessoas ou coisas.  Qualquer coisa que você consiga pensar e que já experimentou, acabou se cansando. O problema não é o outro, ou a coisa, ou a relação e sim você.

Na verdade é o seu eu que necessita constantemente estar em transformação. Nos diz Deepak : “Você não pode levar ao mundo o mesmo eu desgastado e esperar que o mundo seja novo para você”.

E como nos disse Tom Jobim: “São as águas de março fechando o verão. Ë a promessa de vida no teu coração”. Só depende de você, “o caminho se faz ao andar”, já dizia o poeta e é começando por dar o primeiro passo, em direção ao objetivo traçado, que poderemos chegar a meta estabelecida.  Estou torcendo para que você dê este primeiro passo, porque você merece.
                 
                                                      Marilice Cachapuz
                                                                     Fevereiro/1998